Mães procurando escolas para seus filhos. A cena é comum sempre no começo do ano. Na Educação Infantil, o início do segundo semestre letivo também movimenta as instituições com o entra-e-sai. Para os berçários, a demanda depende da época em que termina a licença-maternidade. Há escolas que determinam o horário de visita, enquanto outras atendem prontamente quem tocar a campainha. Seja qual for a situação, o roteiro é sempre o mesmo.
Em geral, o coordenador pedagógico ou qualquer pessoa encarregada da tarefa, leva o adulto interessado para conhecer o espaço físico. Ao fim, se fala sobre o preço da mensalidade, no caso das privadas. Os pais se preocupam com os materiais disponíveis, a segurança, a limpeza e a aparência do lugar, mas não perguntam sobre a proposta pedagógica. Acho que muitos, inclusive, nem sabem o que é isso. E se não questionam, ninguém toca no assunto. Os mais “antenados” até questionam sobre o método empregado e recebem como resposta “Somos construtivistas” ou qualquer outro jargão pedagogês. Será que eles sabem quem foi Jean Piaget (1896-1980)?
Durante essas conversas, não se fala nos valores defendidos, no modelo de administração ou sobre a formação dos profissionais da equipe. Uma pena! Para os responsáveis, faria muita diferença saber se as crianças menores ficam junto com as maiores em vários momentos do dia por falta de espaço ou se porque se acredita que esse tipo de interação estimula o desenvolvimento delas.
Por isso, aproveite esse encontro para falar sobre como os pequenos aprendem na sua escola e qual o papel do professor, além de mostrar cada ambiente escolar. Dê exemplos e diga no que você acredita como profissional. Na minha opinião, as outras áreas (Medicina, Psicologia, Economia etc.) só têm se metido tanto na Educação porque os educadores não sabem o que estão fazendo (há muitas exceções, é claro!). O simples ato de apresentar sua escola é uma grande oportunidade de mostrar aos pais (e a todo mundo) que você sabe sim. Boa sorte!
* Usei o gênero feminino porque, geralmente, essa tarefa ainda fica lamentavelmente nas mãos de mulheres.
Coisas de criança
por Cristiane Marangon
Repórter |