A empresa americana Intel apresentou hoje em Genebra seu novo microprocessador o "quad-core", que, com quatro núcleos em um mesmo chip, multiplica em bilhões a capacidade do primeiro, lançado no mercado há 35 anos.

Formado por milhões de transistores, o microprocessador de um computador faz as vezes do cérebro em um ser vivo, ao receber os dados exteriores, processá-los e dar as ordens necessárias ao resto dos componentes do "corpo" para atuar em conseqüência.

Para isso consomem energia e emitem calor, o que explica porque os computadores precisam de ventiladores (principais responsáveis pelo barulho que fazem).

O processador apresentado hoje pela Intel representa um passo a mais na corrida para a otimização da capacidade de processar dados dos computadores, desde que em 1971 o primeiro foi lançado no mercado pela Intel.

Na época, pensava-se que a velocidade de processamento excedia amplamente as necessidades dos usuários, mas na atualidade, com a grande complexidade das aplicações multimídia disponíveis, isto se transformou em uma barreira.

Para tratar de superá-la, a técnica utilizada pelos fabricantes consistiu tradicionalmente em organizar melhor a chegada dos dados ao processador.

No entanto, há dois anos a Intel mudou radicalmente de estratégia e projetou um processador com núcleo duplo, o que permite dividir em dois o cérebro do computador, com cada parte trabalhando individualmente, embora coordenadamente.

Esse recurso do maior fabricante de microprocessadores para computadores do mundo praticamente reduziu à metade o tempo para fazer as mesmas operações.

Diante do sucesso da idéia, a Intel continua trabalhando em sua tecnologia "multi-núcleo" ("multi-core") a tal velocidade que prevê fabricar processadores com 80 núcleos em cinco anos, explicou à EFE o responsável da empresa para a Suíça e Itália, Dario Bucci, durante a apresentação mundial dos "quad-core".

Os processadores apresentados hoje em Genebra, na sede da Organização Européia para Estudos Nucleares, CERN (onde se constrói o maior acelerador de partículas do mundo, com 27 quilômetros de circunferência), contam com quatro núcleos, o que significa reduzir quase à metade o tempo de processamento.

Enquanto o primeiro dispositivo deste tipo comercializado pela Intel em 1971 tinha 2.300 transistores, os apresentados hoje têm 2 bilhões.

Além disso, cada um dos primeiros transistores tinha uma velocidade máxima de clock (que realiza tarefas elementares, como somas) de 740 KHz, enquanto a dos novos é de 2,66 GHz, quase 3.600 vezes mais rápidos.

Comercializados sob os nomes de Core 2 Extreme quad-core (para o mercado de consumo) e quad-core Xeon processor 5300 (para servidores) e com preços que variam entre US$ 455 a US$ 1.172, esta nova geração de microprocessadores também têm a vantagem de consumir quase 50% a menos de energia que seus antecessores.

"Essa é uma qualidade transcendental para determinadas organizações ou grandes companhias, que podem chegar a gastar um milhão de dólares ao ano na energia que consomem seus computadores e outro milhão só em sistemas para refrigerá-los", destacou Sverre Jarp, responsável pela área tecnológica do CERN.

No centro de pesquisa, que se encarregou de testar os protótipos do equipamento, serão utilizados os novos microprocessadores para transmitir dados das experiências realizadas com o Grande Acelerador de Partículas (LHC) quando entrar em funcionamento em novembro de 2007.

Em nível de usuário, os processadores "quad-core" são cerca de 50% mais rápidos para aplicações multimídia ou jogos em 3D.